terça-feira, 12 de novembro de 2024

Acesso à Série A em 1992

CLUBE DO REMO – TIME-BASE QUE SUBIU PARA A SÉRIE A EM 1992 – Em pé: Marcelo Paraíba, Silvano, Gilmar, Belterra, Luiz Carlos e Wagner; agachados: Papelin, Edmilson, Luciano Viana, Arthur e Formiga. Foto: O Liberal

Para entender como ocorreu a Série B de 1992 é necessário lembrar do rebaixamento do Grêmio-RS na Série A de 1991. Até aquele momento, nenhum time dos “12 grandes” havia realmente caído da elite do futebol nacional. Esse fato levou a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) a realizar mudanças drásticas no regulamento da competição, a começar pela sua denominação de “Divisão Classificatória” ou “Intermediária”, enquanto que a “Série B” daquele ano era, na verdade, a Série C.

Além disso, competição, que inicialmente seria disputada por 24 times – os dois rebaixados, mais os 22 remanescentes da Série B de 1991 –, pouco antes do seu início teve a inclusão de mais oito equipes, escolhidos pelas federações que não possuíam representantes no torneio: Minas Gerais, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Amazonas, Piauí, Sergipe e Paraíba. 

Entretanto, a principal medida foi aumentar o número de acessos para a Primeira Divisão de 1993, de dois para incríveis 12. Assim, os 32 participantes que disputariam o certame foram organizados em quatro grupos com oito times e já nessa primeira fase se conheceriam os classificados para a Série A de 1993, premiando os três melhores de cada grupo.

Marcelo em ação contra o Taguatinga, na estreia da competição. Foto: O Liberal

O Remo ficou no grupo B, tendo seu início em fevereiro de 1992. Na estranha tabela, o Leão viajou nas três primeiras partidas, vencendo o Taguatinga-DF por 2 a 0, no Distrito Federal, mas perdendo para a Anapolina-GO, em Goiás, por 1 a 0, e para o Americano-RJ, no Rio de Janeiro, por 2 a 1. Em compensação, teve uma sequência absurda de jogos em casa (sete), na qual emplacou belos triunfos sobre Itaperuna-RJ (5 a 0), Confiança-SE (4 a 0), Vitória-BA (3 a 1), Americano-RJ (3 a 1) e Taguatinga (4 a 0).

Belterra contra o futuro ídolo azulino Edil, na época jogador do Vitória. O triunfo sobre o time baiano colocou o Leão Azul na liderança da competição. Foto: O Liberal

Naquele tempo, o Remo sofreu duras críticas pelo estado do Baenão, especialmente no que diz respeito ao gramado, castigado pelo período de chuvas. Tanto é que a CBF impôs um “castigo” ao Leão, transferindo dois jogos da sequência, contra Vitória e Americano, para o Mangueirão, o que não atrapalhou o desempenho azulino. Tanto é que no restante da competição, o Remo alternaria seus mandos no Baenão e no Mangueirão.

Por fim, o Clube de Periçá finalizaria a sua participação na primeira fase com quatro partidas fora. Depois de uma derrota por 1 a 0 para o Vitória, na Bahia, e um triunfo sobre o Confiança pelo mesmo placar em Sergipe, o Remo chegou ao Rio de Janeiro, no dia 12/04/1992, na expectativa do acesso para a elite do futebol brasileiro na 13ª e penúltima rodada. E ele veio com os gols de Lamartine e Formiga, que deram a vitória de 2 a 1 sobre o Itaperuna, totalizando 17 pontos – na época, uma vitória valia dois pontos – contra 13 da Anapolina, que era a quarta colocada e não poderia mais alcançar o Mais Querido. 

Azulinos comemorando o acesso nas ruas de Belém. O Leão estava na elite! Foto: O Liberal

Em que pese a importância da partida, infelizmente o jogo não foi transmitido pelas emissoras cariocas. Todavia, a notícia do acesso foi recebida com muita comemoração pela torcida azulina, que invadiu as ruas da capital paraense. No retorno da delegação remista, após a vitória contra o Americano, no último compromisso da primeira fase, o saguão do aeroporto de Belém foi invadido por torcedores, emocionando os heróis azulinos, conforme relatou o goleiro Paulo Victor, em entrevista com Plácido Ramos, da TV Liberal: “É brincadeira, né!? Só quem está participando pode sentir essa emoção. Em todos os clubes que passei essa recepção nunca existiu”. 

Paulo Victor sendo recepcionado pelos torcedores na chegada da delegação azulina a Belém após o acesso. Fonte: O Liberal

Na fase seguinte, o Remo enfrentaria o Grêmio. Porém, com a classificação já garantida, o Tricolor gaúcho desistiu de continuar na competição. Portanto, a CBF promoveu a substituição dos mata-matas por grupos. Nessa formatação, o Leão caiu em uma chave com Ceará, Fortaleza-CE e Santa Cruz-PE (que herdou a vaga gremista), realizando mais uma bela campanha, com duas vitórias e quatro empates em seis jogos. 

Entretanto, na etapa seguinte, o Remo não manteve o bom desempenho e foi eliminado em um novo grupo que basicamente mudou apenas o Vitória no lugar do Ceará.  A grande verdade é que depois do acesso, a competição perdeu boa parte da sua importância. Talvez isso possa ter refletido na queda do rendimento remista, que era sem dúvidas um dos melhores elencos do torneio. 

A base do Remo era a mesma que havia conquistado o tricampeonato paraense invicto no segundo semestre de 1991, com nomes como Wagner, Marcelo, Belterra, Artur, Luciano Viana, entre outros, sob o comando do histórico técnico Waldemar Carabina. O Remo notabilizou-se principalmente como uma verdadeira máquina de gols, tanto que foi o melhor ataque da competição com 40 gols marcados, 30 deles somente na primeira fase. A nível de comparação, o Vitória, segundo colocado, fez apenas 18. 

Na classificação geral, o Leão ficou em quinto lugar, que nos dias atuais seria insuficiente para se conquistar um acesso, o que pode gerar indagações por partes de alguns rivais, alegando que o acesso azulino foi facilitado pelo aumento do número de vagas para a Série A naquele ano. Todavia, vale lembrar que ao término da primeira fase, quando o Remo de fato subiu de divisão, ele era o dono da melhor campanha entre os 32 participantes do certamente, sendo digno da sua conquista.

A CAMPANHA

1ª Fase – Grupo B

09/02/1992.
TAGUATINGA-DF 0 X 2 REMO.
Estádio Elmo Serejo Farias/Serejão – Taguatinga (DF).
Gols: Edmilson (5’/1T) e Luciano Viana (1’/2T).

12/02/1992.
ANAPOLINA-GO 1 X 0 REMO.
Estádio Jonas Duarte – Anápolis (GO).
Gol: Jonilson (23’/2T).

16/02/1992.
DESPORTIVA-ES 2 X 1 REMO. 
Estádio Engenheiro Araripe – Cariacica (ES).
Gols: Silvério (7'/1T) e Mauro Soares (14’/2T); Artur (27’/1T).

19/02/1992.
REMO 5 X 0 ITAPERUNA-RJ.
Estádio Evandro Almeida/Baenão.
Gols: Cláudio (contra – 17’/1T), Edmilson (35’/1T), Papelin (15’/2T) e Dicão (38’/2T e 41’/2T).

24/02/1992.
REMO 4 X 0 CONFIANÇA-SE.
Estádio Evandro Almeida/Baenão.
Gols: Formiga (3’/1T), Artur (33’/1T), Lamartine (35’/1T) e Dicão (7’/2T).

08/03/1992.
REMO 3 X 1 VITÓRIA-BA.
Estádio Estadual Alacid Nunes/Mangueirão.
Gols: Artur (24'/1T), Lamartine (6’/2T) e Formiga (12’/2T); Sidney (19’/2T).

12/03/1992.
REMO 3 X 1 AMERICANO-RJ.
Estádio Estadual Alacid Nunes/Mangueirão.
Gols: Formiga (13’/1T), Agnaldo (11’/2T) e Artur (15’/2T); Luizinho (1’/2T).

18/03/1992.
REMO 3 X 4 DESPORTIVA-ES.
Estádio Evandro Almeida/Baenão.
Gols: Papelin (31’/1T) e Formiga (5’/2T e 18’/2T); Marcelo Brito (12’/1T e 42’/1T) e Mauro Soares (11’/2T e 40’/2T).

22/03/1992.
REMO 4 X 0 TAGUATINGA-DF.
Estádio Evandro Almeida/Baenão.
Gols: Alencar (16’/1T), Formiga (21’/1T), Artur (39’/1T) e Papelin (44’/2T).

25/03/1992.
REMO 0 X 0 ANAPOLINA-GO.
Estádio Estadual Alacid Nunes/Mangueirão.

29/03/1992.
VITÓRIA-BA 1 X 0 REMO.
Estádio Manoel Barras/Barradão – Salvador (BA).
Gol: Dão.

01/04/1992.
CONFIANÇA-SE 0 X 1 REMO.
Estádio Lourival Batista/Batistão – Aracaju (SE).
Gol: Formiga (34'/1T).

12/04/1992.
ITAPERUNA-RJ 1 X 2 REMO.
Estádio Jair Bittencourt – Itaperuna (RJ).
Gols: Índio (11’/1T); Lamartine (3/1T) e Formiga (19’/2T).

14/04/1992.
AMERICANO-RJ 1 X 2 REMO.
Estádio Godofredo Cruz – Campos dos Goytacazes (RJ).
Gols: Cuia (29’/2T); César (3’/2T) e Lamartine (6’/2T).

2ª Fase – Grupo E

06/05/1992.
SANTA CRUZ-PE 0 X 0 REMO.
Estádio José do Rego Maciel/Arruda – Recife (PE).

10/05/1992.
CEARÁ SC 0 X 0 REMO.
Estádio Presidente Vargas – Fortaleza (CE).

13/05/1992.
FORTALEZA EC-CE 0 X 2 REMO.
Estádio Presidente Vargas – Fortaleza (CE).
Gols: Formiga (23’/1T) e Eduardo (contra – 23’/2T).

17/05/1992.
REMO 2 X 2 SANTA CRUZ-PE.
Estádio Estadual Alacid Nunes/Mangueirão.
Gols: Ribamar (contra – 5’/1T) e Artur (39’/1T); Pessanha (11’/2T) e Luiz Carlos (42’/2T).

20/05/1992.
REMO 1 X 1 CEARÁ SC.
Estádio Evandro Almeida/Baenão.
Gols: Luciano Viana (15’/2T); Márcio (30’/2T).

24/05/1992.
REMO 1 X 0 FORTALEZA EC-CE.
Estádio Estadual Alacid Nunes/Mangueirão.
Gol: Agnaldo (44’/1T).

3ª Fase – Grupo H

03/06/1992.
REMO 1 X 2 FORTALEZA EC-CE.
Estádio Estadual Alacid Nunes/Mangueirão.
Gols: Formiga (38’/2T); Pécos (38'/1T), Alberto (23’/2T).

07/06/1992.
VITÓRIA-BA 1 X 0 REMO.
Estádio Octávio Mangabeira/Fonte Nova – Salvador (BA).
Gol: Renato (10’/2T).

11/06/1992.
SANTA CRUZ-PE 2 X 1 REMO.
Estádio José do Rego Maciel/Arruda – Recife (PE).
Gols: Marcelinho (3’/2T) e Henágio (17’/2T); Agnaldo (25’/1T).

14/06/1992.
FORTALEZA EC-CE 5 X 1 REMO.
Campeonato Brasileiro Série B/Divisão Classificatória 1992.
Estádio Governador Plácido Castelo/Castelão – Fortaleza (CE).
Gols: Eliézer (11’/1T), Hélio (32’/1T e 42’/2T), Pécos (37’/1T), Mazinho (21’/2T); Marcelo (10’/2T).

18/06/1992.
REMO 0 X 0 VITÓRIA-BA.
Estádio Estadual Alacid Nunes/Mangueirão.

21/06/1992.
REMO 1 X 0 SANTA CRUZ-PE.
Estádio Estadual Alacid Nunes/Mangueirão.
Gol: Lamartine (4’/1T).

O JOGO DO ACESSO

12/04/1992.
ITAPERUNA-RJ 1 X 2 REMO.
Campeonato Brasileiro Série B/Divisão Classificatória 1992.
Estádio Jair Bittencourt – Itaperuna (RJ).
Público: 75 (pagantes).
Renda: Cr$ 225.000,00.
Árbitro: José Aparecido de Oliveira (SP).
Assistentes: Luís Teixeira (RS) e Paulino Neto (RS).
Itaperuna-RJ: Pacato; Henrique (Cambera), Mosquito, Bidu e Nabour; Júlio César, Moela (Paulo Roberto) e Carlinhos; Índio, Franklin e Alexandre. Técnico: Téo.
Remo: Paulo Vitor; Marcelo, Silvano, Belterra e Luiz Carlos; Agnaldo (Papelin), Gilmar e Edmilson (Luciano Neto); Formiga e Luciano Viana e Lamartine. Técnico: Waldemar Carabina.
Gols: Índio (11’/1T); Lamartine (3/1T) e Formiga (19’/2T).
Cartões Amarelos: Henrique e Mosquito; Marcelo e Edmilson.

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