sábado, 24 de dezembro de 2022

Campeão Paraense em 1949

 

Em termos de títulos, pode-se dizer que os anos 40 foram os piores da história do Clube do Remo. Depois do campeonato de 1940, os remistas ficaram intermináveis nove temporadas com o grito de "É campeão!" entalado na garganta. Nesse período viu o domínio dos rivais, Paysandu e Tuna, arremataram a totalidade das competições - excetuando 1946 em que não houve campeonato. A situação só começaria a mudar na segunda metade da década, depois do advento do profissionalismo (1945), do qual o Remo foi o precursor. 

Algum tempo depois, os frutos começaram a surgir. É nesse período, por exemplo, que vem jogadores como o uruguaio Veliz, goleiro que defendeu ferrenhamente por mais de 10 temporadas o arco azulino; o mineiro Jambo, um dos primeiros profissionais do estado, considerado o melhor “centro-médio” da época; e o baiano Quiba, o "mais perigoso meia-direita da cidade".

A esses importados juntaram-se os melhores valores da terra. A dupla de zaga, por exemplo, era composta por Expedito – o único remanescente do título de 1940 – e Isan, o mais completo marcador de “centro". Fazendo companhia a Jambo no meio, estavam Pelado e Muniz, ambos com histórico na Tuna, mas este último com experiencia em outros estados, como Pernambuco e Amazonas. Mas era o ataque, o ponto forte dessa equipe: além do já citado Quiba, o Remo contava com Gejú, Itaguari – os três no top 15 de maiores artilheiros azulinos na história –, além de Silvio, Marido e Jaime, que seria condecorado pela A Província do Pará, como o craque do ano do futebol paraense.

O Remo mostrou-se time versátil e perfeitamente ajustado em suas linhas. Praticava um futebol vistoso e eficiente, tanto é que acostumou-se a golear seus adversários, construindo seus placares logo no início dos jogos. Para se ter uma ideia, entre 1948 e 1949, o Leão venceu 12 dos 16 Re-Pa's que disputou, fazendo 48 gols e impondo acachapantes goleadas, como: 6 a 2 em 07/09/1948, 5 a 3 em 10/04/1949, 6 a 2 em 17/04/1949, 5 a 2 em 05/06/1949 e 5 a 3 em 13/11/1949. Detalhe: com exceção deste último jogo, todos ocorreram na Curuzu.

Essas vitórias foram o prenúncio do fim do jejum. Sob os comandos do vitorioso técnico Nagib Matni, os remistas mantiveram o desempenho no certame estadual. Auto Clube do Pará e Paulista foram presas fáceis; apenas os velhos rivais Tuna e Paysandu proporcionaram algum tipo de combatividade ainda no primeiro turno da competição. Mas no returno, não teve jeito, o Remo atropelou cada um dos demais participantes, credenciando-se para a final juntamente com o Paysandu.

Era a grande chance do Clube do Remo de reconquistar o cetro de campeão após quase uma década em branco. O confronto estava cercado por muitas expectativas. No Re-Pa do primeiro turno, o Paysandu levou a melhor por 1 a 0; mas no returno o Remo devolveu com juros, aplicando-lhe imponentes 5 a 3. Com uma vitória para cada lado, o tira-teima seria definido em uma melhor-de-três que, na realidade, acabou nem acontecendo.

Já no primeiro jogo, em pleno Natal de 1949, o Remo presenteou a sua torcida com uma vitória de 3 a 1 no Baenão, garantindo uma boa vantagem para a segunda partida, na Curuzu. Esta se deu já em 1950, dia 08/01. A Província do Pará do dia anterior se reportava ao jogo como o “choque-sensação”, onde, curiosamente, estariam “em luta os dois Leões”. Mas na Amazônia só existe um Leão e este mostrou toda a sua imponência. 

Mesmo que tenha sofrido uma certa pressão inicial dos adversários desesperados em reverter a desvantagem, o Remo soube se defender e abriu o placar aos 25 minutos do primeiro tempo, com Geju — substituto de Silvio naquela ocasião. Daí em diante, o Paysandu foi presa fácil. Jaime fez o segundo no final do primeiro tempo. Na segunda etapa, Jambo marcou de falta o terceiro logo aos quatro minutos; por fim, Jaime, novamente, fechou a goleada que ainda teve um tento de honra listrado. 

Com 7 a 2 no agregado, nem foi preciso o jogo-desempate. O Remo sagrou-se campeão paraense de 1949, com oito vitórias, um empate e uma derrota. Foi o desfecho do martírio azulino e o começo do bicolor, que passaria igualmente nove temporadas sem conquistar o troféu do estadual (1947 a 1956), aguentando o Filho da Glória e do Triunfo devolver os cinco títulos — bicampeonato em 1949/50 e tri em 1952/53/54 — e retomar a hegemonia no Pará.

A Província do Pará, de 10/01/1950, informou:

"Vitória da classe e do destemor — Abatendo o Paisandú, de 4 a 1 sagrou-se o Remo campeão de 49 - O cetro do futebol citadino foi parar às mãos dos azues, depois de uma jornada brilhante, em que o grande esquadrão do velho clube de Rubilar, de jôgo para jôgo, pôde evidenciar uma pujança verdadeiramente admirável. (...) Não foi a vitória remista à base de fatores outros, fortuitos e menos auspiciosos. Mas, isso sim, a vitória do mérito real, inconteste. Vitória da classe e do destemor. Uma linha reta entre a fôrça de vontade, o trabalho construtivo e a glória".

Nilo Franco, em sua coluna na mesma edição do jornal, escreveu sobre o título:

"O MAIOR... — (...) Depois de nove anos, volta-lhe o cetro dignificado por uma jornada realmente brilhante, engrandecido pelos feitos mais heróicos. E volta porque o Remo tudo soube fazer por conquistá-lo. Foi sempre e mais e mais a cada jogo um grande quadro cheio de indômita bravura, de admirável destemor, preliando com  classe e com dignidade. Foi, enfim, o maior".

terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Campeão Paraense em 1940

 
Atletas azulinos saudando a torcida na vitória de 3 a 2 do Clube do Remo sobre o Paysandu, em 03/11/1940 (Folha do Norte).

Após a conquista do Campeonato Paraense de 1936, o Clube do Remo brigou com a Liga Atlética Paraense - regente do esporte no estado na época - e abriu mão de disputar o certame de 1937. Retornou no ano seguinte, mas não impediu o bicampeonato da Tuna. Já em 1939, o título ficou com o Paysandu que montou um dos seus grandes times, o chamado "esquadrão de aço".

Já era hora do Leão reassumir o protagonismo no estado. Então em 1940, os azulinos realizam uma ótima campanha no campeonato. Porém, os tropeços diante de Tuna e Paysandu — 1 x 2 e 1 x 1, respectivamente — colocam o Remo em desvantagem perante os seus maiores adversários na competição. E era justamente contra eles que se encerraria a campanha azulina naquele certame. Só a vitória interessava!

No dia 20/10/1940, o Remo se recupera e consegue a sua revanche contra a Lusa, vencendo-a por 3 a 2, no Souza. Com isso, o Leão ultrapassou os cruzmaltinos, ficando agora com três pontos perdidos contra quatro - era assim que se lia a pontuação na época, com a derrota contabilizando a perda de dois pontos e o empate, um. Todavia, o Clube de Periçá ainda estava atrás do Paysandu (um ponto perdido).

Diante disso, no Re-Pa programado para o dia 03/11 era de se esperar um certo favoritismo do lado bicolor, não apenas por estar à frente, mas também por jogar em casa, na Curuzu. Entretanto, os remistas não ligaram para isso e buscaram um grande triunfo, repetindo o placar de 3 a 2, gols de Bendelack e Vavá (2). Foi só aguardar a Tuna vencer o Paysandu por 3 a 1, em 19/01/1941, para o Remo confirmar o seu 14° (e último) título paraense do amadorismo. 

Ao que parece, mesmo ocupando o posto máximo do futebol paraense, o Clube do Remo foi alvo de críticas por precisar de uma combinação de resultados para ser campeão. Mas a Folha do Norte, de 21/01/1941, saiu em defesa do Filho da Glória e do Triunfo: 

"Muita gente que se perde nas nas alternativas do certame em relacionar os fatos, atribuiu essa conquista a uma simples questão de chance. Engano envolvendo flagrante justiça. Basta rememorar as etapas azulinas durante o campeonato, a ‘performance’ do quadro através de marcadores vultuosos, assegurando vitórias brilhantes, as condições em que chegou às finais, para que se considere o grande Clube merecedor do bastão futebolístico regional".

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Campeão Paraense em 1968 (Invicto)

CLUBE DO REMO - CAMPEÃO PARAENSE EM 1968 (INVICTO)
Em pé: Jorge, Alemão, China, Casemiro, Ângelo e Edilson;
Agachados: Birungueta, Robilotta, Amoroso, Celso e Zequinha.

O título paraense de 1968 é um mais emblemáticos da história. Primeiro pelas circunstâncias em que se sucederam o vice no anterior,  no qual em uma série de Re-Pa's seguidos, o Clube do Remo sagrou-se campeão do segundo turno, mas não foi capaz de evitar o tricampeonato do rival. Portanto, reconquista do estadual era prioridade máxima nos arraias azulinos.

Para tanto, o Remo vendeu o zagueiro Assis para o Fluminense-RJ por NCR$ 80.000,00 e aproveitou para comprar em definitivo o atacante Amoroso, que estava emprestado ao Leão pelo clube carioca. Amoroso fora destaque remista em 1967, tornando-se artilheiro do Parazão com 19 marcados. Além disso, o Mais Querido atravessou Robilotta, goleador do Paysandu no tricampeonato de 1965-66-67. 

Com esse ataque infernal, o Mais Querido atropelou os seus adversários. Enfrentando Combatentes, Tuna, Sacramenta, Sport Belém e Paysandu, em jogos de turno e returno, os azulinos venceram nove jogos seguidos, conquistando o primeiro turno nesse percurso e chegando à última partida, contra o Paysandu, no dia 14 de julho de 1968, precisando apenas de um empate para conquistar o troféu.

A expectativa era tamanha que mesmo o jogo sendo na Curuzu, a torcida azulina era maioria. Todas as atenções da imprensa esportiva estavam voltadas para a possibilidade do título azulino, que se tornou ainda mais provável quando Amoroso abriu o placar aos 21' do primeiro tempo, atirando no canto esquerdo da meta do goleiro bicolor Omar.

Entretanto, o Paysandu reagiu e virou o escore através dos gols de Hélio Cruz aos 40' do primeiro tempo e Edinho, ex-azulino, aos 12' do segundo. Por sorte, quando o ponteiro marcava 37', novamente Amoroso, fazendo jus ao seu apelido "Pé de Coelho", em lance de extrema perspicácia e oportunisto, aproveita a bobeira da defesa bicolor e consegue o oportuno empate. O único jogo daquele campeonato que o Remo não venceu, mas que lhe valera o título.

"A Província do Pará" assim descreveu o lance:

"A bola vai à linha de fundo. Tiro de méta para o Papão. Omar dá para Abel que devolve. Amoroso vivo, inteligente, entra no lance, rouba a bola e atira para a meta desguarnecida, sôbre espanto dos dois jogadores alvi-azuis e alegria dos remistas. Era o goal do empate, o goal do campeonato. (...) Remo, campeão invicto de 1968! Um ponto perdido apenas!".

Segue a "A Província": 

"A culminar uma campanha particularmente brilhante, a equipe de profissionais do Clube do Remo manteve a sua condição de invicta e, empatando a 2 tentos com o Paissandu, conquistou o título regional de 1968. As peripécias do jôgo - como as de todo o campeonato - mostrou a equipe 'azulina' fortalecida, de alma lavada, destemida e preparada para enfrentar a luta com espírito de desportivismo. Um campeão sem mêdo e sem mácula! Marcou um goal, cedeu o empate, estêve depois em desvantagem, mas serenamente, sem perturbações conscientemente soube lutar por nova igualdade, para conquistar o título. Houve ansiedade e emoção entre o público, lágrimas de alegria do atleta brioso e lutador, após o término da partida, e a alegria efuziante que se espalhou por tôda cidade. Nas fotos, dos reporteres Airton Quaresma e Fernando Seixas, os lances dos dois goals do Remo (Amoroso), a apreensão estampada na fisionomia 'dum' remista quando o Remo perdia por 2 x 1, Birungueta chorando de emoção, depois de lhe terem levado a camisa e a expressão de alegria na passeata da vitória".

O esquadrão campeão invicto era formado por Jorge; Alemão, China, Casemiro,  Angelo e Edílson; Birungueta, Robilotta, Amoroso, Celso e Zequinha. 

segunda-feira, 1 de agosto de 2022

O Heptacampeonato

CLUBE DO REMO — HEPTACAMPEÃO PARAENSE EM 1913/14/15/16/17/18/19

Pode-se afirmar, sem dúvida alguma, que o futebol do Clube do Remo já nasceu glorioso. A sua introdução no quadro esportivo azulino em 1913 se deu em um contexto de reestruturação do Campeonato Paraense, que voltaria a ser disputado naquela temporada após dois anos, graças à criação da Liga Paraense de Foot-Ball. E logo na sua primeira participação, o "football team" do Grupo do Remo, formado por "sportmen" já acostumados com as vitórias nas águas, sagrou-se pela primeira vez campeão paraense. Mas não parou por aí: soberano em todos os aspectos, o Remo emplacou o heptacampeonato, a maior sequência de títulos da história do Campeonato Paraense de Futebol.

1914 – BICAMPEÃO 

Estado do Pará, 24/01/1915

O campeonato de 1914 adotou uma fórmula de disputa que se perpetuaria nos anos posteriores, sendo organizada em dois turnos. No primeiro, os participantes se enfrentavam jogos de "ida", sendo que aqueles que somassem mais pontos — geralmente os quatro melhores —, classificavam-se para o returno, disputado da mesma forma, na qual o primeiro colocado seria coroado com o título. Eventualmente, em caso de igualdade de pontos, uma partida decisiva extra poderia realizada.

O Remo começaria a sua defesa pelo título de campeão paraense no dia 14/06/1914. O adversário azulino era nada menos que o seu futuro rival, o Paysandu, fundado em fevereiro daquele ano por ex-integrantes do Norte Club inconformados com os acontecimentos da temporada anterior. Aquela ocasião também marcava a inauguração do estádio da firma Ferreira & Comandita (atual Curuzu), que passou a ser o principal local de jogos naquela época. O primeiro Re-Pa da história terminou com vitória remista por 2 a 1, gols de Antonico e Bayma (contra).

No decorrer do turno, o Remo ainda venceu o União, o Guarany, o Aliança, o Brasil Sport e o Ypiranga, além de um resultado desconhecido contra o Panther, que presume-se ter sido um triunfo azulino. Além do Remo, classificaram-se para a etapa seguinte o União, o Paysandu e o Panther.

No returno, o Remo voltou a vencer o Paysandu, dessa vez por 3 a 1, em 06/12/1914, com um hat-trick de Antonico. Apesar de ser a estreia de ambos no returno, esse jogo foi tratado como o decisivo para o título de campeão. No fim das contas, acabou sendo mesmo, pois, posteriormente, em reunião realizada no dia 16/12/1914, a Liga resolveu anular os jogos Panther x União (29/11) e União x Paysandu (12/12), cada um com as suas irregularidades específicas. Diante dessa decisão, tanto o Paysandu, quanto o Panther, abandonaram a disputa. O jogo restante, entre Remo e União chegou a ser anunciado para o Natal daquele ano, mas não se sabe se chegou a realmente ocorrer. 

A única certeza era: Remo, bicampeão paraense!

Estado do Pará, de 05/12/1914, se reportando ao Re-Pa do dia seguinte que decidiria o campeonato

1915 – TRICAMPEÃO

"Time do Clube do Remo, já vitorioso desde 1915". A História do Clube do Remo, de Ernesto Cruz, 1969

O ano de 1915 fomenta a rivalidade entre Remo e Paysandu. Além de perder a sua invencibilidade em clássicos, o Remo decidiu romper as relações amigáveis que mantinha com o rival, após ser destratado pelos bicolores em um ofício-resposta a um convite azulino para um "match-desafio" no mês de fevereiro. Esse fato contribuiu para que a rixa entre os clubes, que já eram considerados os principais da cidade e disputavam a preferência clubística dos belenenses, ficasse ainda mais acirrada.

Coincidentemente, o jogo de abertura do Campeonato Paraense daquele foi justamente o Re-Pa, dia 03/05/1915. Mesmo com o Paysandu sendo considerado mais forte tecnicamente naquele momento, o Remo conseguiu segurar o empate contra o rival. Esse resultado foi essencial, pois poderia representar um desequilíbrio mais à frente. Afinal, os outros participantes da competição – União Sportiva, Panther, Guarany e Brasil Sport – não forneceram perigo algum a Remo e Paysandu, de tal forma que ambos venceram todos os seus jogos subsequentes.

Todavia, quase que essa sequência de vitórias não se concretiza. No quarto jogo do turno, em 01/08/1915, o Remo venceu o Brasil por 1 a 0, porém, no dia 04/09, a Liga resolveu anular esse resultado, conferindo empate para ambos. O Remo ameaçou desfiliar-se da Liga. Em gesto nobre, o Brasil abriu mão da decisão, sugerindo a remarcação do jogo, que assim se sucedeu no dia 07/11. Dessa vez, o placar não deixou dúvidas: Remo 9 x 0 Brasil. Curiosamente, os azulinos já vinham de dois 9 x 0 seguidos, contra Guarany e União Sportiva.

Ao chegar na fase derradeira, azulinos e bicolores apresentavam campanhas praticamente idênticas – sete vitórias e um empate, com vantagem do Paysandu no saldo de gols. Assim, no último e decisivo jogo, o Re-Pa do dia 19/12/1915, nada mais interessava ao Remo se não a vitória. Diante de um grande público, que lotou as dependências do estádio da firma Ferreira & Comandita, o Clube do Remo foi taticamente perfeito e muito superior ao rival, sabendo aproveitar as suas fragilidades. Assim se construiu um verdadeiro massacre azulino: 5 a 1 e o primeiro tri da história!

Estado do Pará, 20/12/1915

O mais curioso disso tudo é que, apesar de todos os acontecimentos anteriores, os bicolores resolveram participar da carreata comemorativa ao título azulino, um fato impensável nos dias atuais. Essa atitude talvez possa ser interpretada como um pedido de desculpas, como relatou a Folha do Norte, de 20/12/1915: 

“(...) acompanhavam-nos os valentes rapazes do Paysandu Sport Club. Registramos o fato com muita satisfação por vermos que neste momento importante para o Pará desportivo, os nossos foot-ballers num congraçamento feliz, dão trégua a pequenos ressentimentos pessoais e, vendo o progresso do esporte, pugnam unidos pelo bom nome de nossa terra”.

1916 – TETRACAMPEÃO 

A busca pelo tetra se iniciou em 21/05/1916 com impiedosos 5 a 0 no Aliança, seguido de um 2 a 0 sobre o Panther. Depois, os azulinos – até então invictos em jogos oficiais desde 1913 – conheceriam a sua primeira derrota: 1 a 2 diante do União Sportiva, no dia 09/07, sendo que o Remo ainda teve um pênalti desperdiçado por Armindo. Mas a recuperação foi avassaladora, com goleadas sobre o Guarany (5 a 0), Aliança (5 a 1) e a vingança contra União (7 a 0). A campanha do quarto título consecutivo se encerrou com as vitórias de 3 a 0 sobre o Guarany e 1 a 0 sobre o Panther.

Como se observa, o Clube do Remo conquistou o primeiro tetracampeonato da história do futebol paraense sem ter jogado contra o seu maior rival, o Paysandu. Isso se deu porque o clube bicolor resolveu abandonar o campeonato por divergências com a Liga Paraense de Foot-Ball (LPF). Como forma de reconciliação, a LPF criou a Taça Lauro Muller, disputada entre Remo e Paysandu, no dia 15/10/1916. A ocasião contou até com a presença do Governador do Estado na época, o Sr. Éneas Martins. É óbvio que o ano não poderia acabar sem um triunfo remista no Re-Pa. Demonstrando a sua autoridade de campeão, o Remo venceu por 3 a 0.

Estado do Pará, 16 de outubro de 1916

1917 – PENTACAMPEÃO

Após uma intertemporada de descobrimento de outras terras, com excursões a São Luís (MA) - a primeira interestadual da história azulina - e Recife (PE) - onde conquistou um troféu relativo ao Centenário da Revolução Pernambucana de 1817 -, o Clube do Remo voltava as suas atenções para manter a hegemonia na sua. No dia 1° de julho de 1917, os azulinos estrearam no Campeonato Paraense vencendo o União Sportiva com por 3 a 0. Ainda nesse período, faria mais dois jogos: 3 a 3 com o Paysandu e impressionantes 13 a 0 sobre o Fênix. Mas o grande momento do clube viria no mês seguinte.

Em 15/08/1917, quando completava seis anos de Reorganização, o Clube do Remo inaugurou o seu "campo de sports", futuro estádio Evandro Almeida, o Baenão. Foi disputado um jogo entre a Seleção da Liga Paraense de Esportes Terrestres (LPET) e o time da Reserva Naval. O primeiro jogo do Clube do Remo em seu estádio só ocorreria em 02/09/1917, quando venceu o Panther por 3 a 1. Antes, os azulinos já haviam vencido o Fênix Sport Club por 5 a 3 no dia 19/08, mas ainda no campo da empresa Ferreira & Comandita. 

Na sua nova casa, o Remo não perdeu mais, aplicando 6 a 0 no União Sportiva, 3 a 1 no Brasil Sport e 6 a 1 no Nacional – antigo Panther, que mudou seu nome no dia 18/10 daquele ano –; além de empatar em 1 a 1 com o Paysandu no domingo de Círio (14/10). Curiosamente, apenas a goleada de 9 a 0 sobre o Fênix, em 28/10, e o jogo que garantiu o pentacampeonato não foi no estádio azulino: Remo 3 a 1 Paysandu, em 16/12/1917, na Ferreira & Comandita, gols de Dudu, Chermont e Rubilar.

Estado do Pará, 16 de dezembro de 1917

1918 – HEXACAMPEÃO 

O Campeonato Paraense de 1918 correu o risco de não ter um desfecho. O motivo foi a disseminação vírus influenza H1N1, causador da Gripe Espanhola, pandemia que gerou milhões de mortes no mundo inteiro. Apesar do nome, sugere-se que a gripe tenha iniciado entre as tropas britânicas situadas na França em fins da Primeira Guerra Mundial ou até mesmo nos Estados Unidos. De qualquer forma, a pandemia chegou ao Brasil pelo Nordeste em setembro de 1918 através do navio inglês “Demerara", se estendendo para a capital paraense. 

Como consequência, no intuito de evitar a propagação do vírus, o campeonato teve que ser paralisado entre outubro e novembro de 1918. Até aquele momento, o Clube do Remo já havia disputado seis jogos. Estreou goleando o Luso Brasileiro por 10 a 0 no dia 03/05. Em seguida, empatou com o Brasil Sport em 1 a 1 e emplacou uma sequência de vitórias – 8 a 0 no Nacional, 4 a 2 no Paysandu, 4 a 2 no União Sportiva e 8 a 0 no Luso Brasileiro, em 06/10, o último jogo antes da paralisação.

Estado do Pará, 24 de novembro de 1918

No dia 24/11, o Estado do Pará anunciou o reinício do campeonato com os jogos Remo x União Sportiva e Paysandu x Brasil Sport, mas não se tem notícia posterior do placar dessas partidas nem mesmo a comprovação se ambas foram realizadas. Caso a “pugna" realmente tenha acontecido, presume-se que tenha sido vencida pelos azulinos, já que, segundo o mesmo jornal, o jogo seguinte, entre Remo e Paysandu, no dia 15/12, no Baenão, era o “encontro decisivo do campeonato". 

Estado do Pará, 15 de dezembro de 1918

Conta ainda Estado que o Remo possuía um ponto acima do Paysandu na tabela. Considerando-se que uma vitória valia dois pontos e o empate, um; que o time bicolor havia perdido apenas um jogo – contra o próprio Remo – e vencido todos os outros; e que o Remo já havia empatado antes contra o União em 1 a 1; o resultado mais provável para o jogo do dia 24/11 seria a vitória azulina. 

De todo modo, o que interessa mesmo é a “final". Pela posição privilegiada, o Estado do Pará ressaltou que “mesmo um empate dará mais uma vez o glorioso título ao conjucto azulino". E foi o que aconteceu. Da forma mais pragmática possível, um empate seco, sem gols, proporcionou o hexacampeonato de futebol, uma façanha que nenhuma outra agremiação na centenária história do Campeonato Paraense conseguiu. E essa conquista é ainda mais especial, pois foi a primeira das muitas obtidas no solo azulino do Baenão.

1919 – HEPTACAMPEÃO 

O Remo já havia conquistado aquilo que nenhum outro time paraense conseguiria. Mas ainda não era suficiente. E foi essa gana que resultou na conquista do sétimo título estadual consecutivo em 1919, o inigualável heptacampeonato, o estabelecimento definitivo do Reinado Azul, que se estenderia ao longo de todas as décadas posteriores. Além disso, a consagração para eternidade dos primeiros heróis azulinos, que tem nas pessoas do inabalável defensor Lulu e do polivalente atleta Rubilar, os únicos presentes em toda essa caminhada vitoriosa, as suas mais gloriosas e celebradas figuras.

Apesar de todo o peso e importância desse feito, ironicamente as informações acerca da jornada vitoriosa são incompletas. Sabe-se que o Clube do Remo iniciou a sua campanha no dia 01/06/1919, da melhor forma possível: 12 a 1 no Luso-Brasileiro. Prosseguiu com vitórias de 5 a 1 sobre o Nacional, 2 a 1 sobre o Paysandu e 4 a 0 sobre o União, sendo que o Re-Pa, disputado em 06/07, foi bastante tumultuado, contando com a expulsão do bicolor Suíço e o abandono do seu time de campo – um costume antigo.

Porém, a partida que fechou o turno contra o Brasil Sport, além dos jogos do returno contra Luso-Brasileiro e Nacional, infelizmente, não tem seus resultados conhecidos. Mas o jogo seguinte, o Re-Pa de 5 de outubro, sim. Dessa vez os bicolores não fugiram de campo... Preferiram nem comparecer, tendo notificado a decisão à LPET no dia anterior. O Remo então venceu por WO e manteve o tabu de sete anos sem derrotas em Re-Pa's oficiais. Depois ainda triunfou sobre o União Sportiva por 4 a 0 e sobre o Brasil Sport por 2 a 1, finalizando a sua campanha já em 04/01/1920.

Tabela veiculada pelo Estado do Pará, de 5 de outubro de 1919, que até então o Remo jamais havia perdido um Re-Pa oficial, válido pelo Campeonato Paraense

Com base nisso, presume-se que o Remo tenha conquistado o título por possuir maior número de pontos, já que, dos jogos comprovados, os azulinos venceram todos e o seu principal rival, o Paysandu, não mostrou poder de competividade. Notícias posteriores se referem ao Remo como o campeão daquele ano. Inclusive, a conceituada revista carioca Vida Sportiva, na sua edição de número 138, de 17/04/1920, estampou o Esquadrão Azulino em sua capa com a seguinte legenda: “Team do Club do Remo, de Belém, Pará, que é o campeão do norte do Brasil".


AS CAMPANHAS

1913

14/07/1913. 
REMO 4 X 1 UNIÃO SPORTIVA-PA. 
Campeonato Paraense 1913.
Campo de São Brás. 
Gols: Antonico (2), Nahon (2) e Oscar.

03/08/1913. 
REMO 4 X 0 GUARANY-PA. 
Campeonato Paraense 1913. 
Campo de São Brás. 
Gols: Chermont, Antonico, Aldo (contra) e ? 

10/08/1913. 
REMO 3 X 2 PANTHER-PA. 
Campeonato Paraense 1913. 
Campo de São Brás.
Gols: Nahon e Antonico (2); ?, ?

31/08/1913. 
REMO 2 X 1 INTERNACIONAL CLUB-PA. 
Campeonato Paraense 1913. 
Campo de São Brás.
Gols: Antonico (2); Spearman.

05/10/1913. 
REMO 1 X 1 NORTE CLUB-PA. 
Campeonato Paraense 1913. 
Campo de São Brás. 
Gol: ?; Hugo.

26/10/1913. 
REMO 10 X 0 BELÉM SPORT-PA. 
Campeonato Paraense 1913. 
Campo de São Brás. 

Estatísticas: 6 jogos, 5 vitórias, 1 empate, 24 gols pró e 5 gols contra.

1914

14/06/1914. 
REMO 2 X 1 PAYSANDU. 
Campeonato Paraense 1914 – Turno. 
Estádio da Firma Ferreira & Comandita/Curuzu. 
Gols: Bayma (contra) e Antonico; Mathews.
Obs.: Primeiro Re-Pa da história.

05/07/1914. 
REMO 5 X 0 UNIÃO SPORTIVA-PA. 
Campeonato Paraense 1914 – Turno. 
Estádio da Firma Ferreira & Comandita/Curuzu. 
Gols: Rubilar (3), Chermont e Antonico. 

09/08/1914. 
REMO 5 X 1 GUARANY-PA. 
Campeonato Paraense 1914 – Turno. 
Estádio da Firma Ferreira & Comandita/Curuzu. 
Gols: Rubilar (3) e Antonico (2); ?
Obs.: Jogo em substituição à partida de 26/07/1914 (Remo 2 x 1 Guarany), que foi anulada.

23/08/1914. 
REMO 9 X 0 ALIANÇA-PA. 
Campeonato Paraense 1914 – Turno. 
Estádio da Firma Ferreira & Comandita/Curuzu. 

07/09/1914. 
REMO 5 X 0 BRASIL-PA. 
Campeonato Paraense 1914 – Turno. 
Estádio da Firma Ferreira & Comandita/Curuzu. 

04/10/1914. 
REMO 8 X 0 YPIRANGA-PA. 
Campeonato Paraense 1914 – Turno. 
Estádio da Firma Ferreira & Comandita/Curuzu. 
Obs.: O Ypiranga é o antigo Belém Sport.

18/10/1914. 
REMO X PANTHER-PA. 
Campeonato Paraense 1914 – Turno. 
Estádio da Firma Ferreira & Comandita/Curuzu. 

06/12/1914. 
REMO 3 X 1 PAYSANDU. 
Campeonato Paraense 1914 – Returno. 
Estádio da Firma Ferreira & Comandita/Curuzu. 
Gols: Antonico (3); Hugo.

25/12/1914. 
REMO X UNIÃO SPORTIVA-PA. 
Campeonato Paraense 1914 – Returno. 
Estádio da Firma Ferreira & Comandita/Curuzu. 

Estatísticas: 9 jogos, 7 vitórias, 2 resultados desconhecidos, 37 gols pró e 3 gols contra.

1915

03/05/1915. 
REMO 1 X 1 PAYSANDU. 
Campeonato Paraense 1915 – Turno. 
Estádio da Firma Ferreira & Comandita/Curuzu.
Gol: Ludgards (1T); Arthur (1T).

06/06/1915. 
REMO 2 X 1 UNIÃO SPORTIVA-PA. 
Campeonato Paraense 1915 – Turno. 
Estádio da Firma Ferreira & Comandita/Curuzu.
Gols: Rubilar (1T) e Antonico (2T); Ninito (1T).

04/07/1915. 
REMO 12 X 2 GUARANY-PA. 
Campeonato Paraense 1915 – Turno. 
Estádio da Firma Ferreira & Comandita/Curuzu.

25/07/1915. 
REMO 4 X 0 PANTHER-PA. 
Campeonato Paraense 1915 – Turno. 
Estádio da Firma Ferreira & Comandita/Curuzu.
Gols: Antonico (3) e Armindo. 

12/10/1915. 
REMO 9 X 0 GUARANY-PA. 
Campeonato Paraense 1915 – Returno. 
Estádio da Firma Ferreira & Comandita/Curuzu.
Gols: Macedo (2), Armindo (2), Antonico (2), Ludgards e Virgílio. 

31/10/1915. 
REMO 9 X 0 UNIÃO SPORTIVA-PA. 
Campeonato Paraense 1915 – Returno. 
Estádio da Firma Ferreira & Comandita/Curuzu.
Gols: Antonico (3), Bezerra (3), Virgílio (2) e Macedo (1). 

07/11/1915. 
REMO 9 X 0 BRASIL SPORT-PA. 
Campeonato Paraense 1915 – Turno. 
Estádio da Firma Ferreira & Comandita/Curuzu.
Gols: Antonico (3), Rubilar (2), Chermont (2) e Bezerra (2). 
Obs.: Jogo em substituição à partida de 01/08/1915 (Remo 1 x 0 Brasil Sport), que foi anulada.

28/11/1915. 
REMO 6 X 1 BRASIL SPORT-PA. 
Campeonato Paraense 1915 – Returno. 
Estádio da Firma Ferreira & Comandita/Curuzu.

12/12/1915. 
REMO 0 X 1 PANTHER-PA. 
Campeonato Paraense 1915 – Returno. 
Estádio da Firma Ferreira & Comandita/Curuzu.

19/12/1915. 
REMO 5 X 1 PAYSANDU. 
Campeonato Paraense 1915 – Returno. 
Estádio da Firma Ferreira & Comandita/Curuzu.
Gols: Chermont (1T e 1T), Antonico (1T), [Remo] (1T), Virgílio (1T); ?

Estatísticas: 10 jogos, 8 vitórias, 1 empate, 1 derrota, 57 gols pró e 7 gols contra.

1916

21/05/1916. 
REMO 5 X 0 ALIANÇA-PA. 
Campeonato Paraense 1916 – Turno.
Estádio da Firma Ferreira & Comandita/Curuzu. 
Gols: Macedo (15’/1T, 1T, 1T e 2T) e Armindo.
Obs.: Jogo entre o campeão da Primeira e o campeão da Segunda Divisão de 1915.

11/06/1916. 
REMO 2 X 0 PANTHER-PA. 
Campeonato Paraense 1916 – Turno.
Estádio da Firma Ferreira & Comandita/Curuzu. 
Gols: Macedo (5’/1T) e Curiol (2T).

09/07/1916. 
UNIÃO SPORTIVA-PA 2 X 1 REMO. 
Campeonato Paraense 1916 – Turno. 
Estádio da Firma Ferreira & Comandita/Curuzu. 
Gols: Everaldo (20’/1T) e Curiol (25’/2T); Pedro (1T).

23/07/1916. 
REMO 5 X 0 GUARANY-PA. 
Campeonato Paraense 1916 – Turno.
Estádio da Firma Ferreira & Comandita/Curuzu. 
Gols: Aldo (contra – 1T), Armindo (1T, 2T e 2T) e Macedo (2T). 

15/08/1916. 
REMO 5 X 1 BRASIL SPORT-PA. 
Campeonato Paraense 1916 – Turno.
Estádio da Firma Ferreira & Comandita/Curuzu. 
Gols: Antonico (1T), Armindo (1T), ?, ?, ?; ?

10/09/1916. 
REMO 7 X 0 UNIÃO SPORTIVA-PA.
Campeonato Paraense 1916 – Returno. 
Estádio da Firma Ferreira & Comandita/Curuzu. 

01/10/1916. 
REMO 3 X 0 GUARANY-PA.
Campeonato Paraense 1916 – Returno.
Estádio da Firma Ferreira & Comandita/Curuzu. 

12/10/1916. 
PANTHER-PA 0 X 1 REMO. 
Campeonato Paraense 1916 – Returno.
Estádio da Firma Ferreira & Comandita/Curuzu. 
Obs.: Após a confusão entre os jogadores Tobias Xavier (Remo) e Pau Amarello (Panther), os jogadores do Panther abandonaram o campo. 

17/12/1916. 
REMO (V) X (D) BRASIL SPORT-PA. 
Campeonato Paraense 1916 – Returno.
Estádio da Firma Ferreira & Comandita/Curuzu. 
Obs.: Jogo remarcado do dia 12/11/1916 (Remo 1 x 1 Brasil Sport), que foi anulado. Não se sabe ao certo o placar do jogo, mas o Remo venceu. Porém, ao que parece, tal qual houve irregularidade no primeiro jogo, nesse também houve. No caso, após o árbitro marcar um pênalti para o Remo, o goleiro do Brasil se recusa a defender e abandona o campo. A partida acaba encerrada quando faltavam 22 minutos para o seu término (ultrapassando os 10 minutos máximos para o fim do jogo). Dessa forma, o Brasil também entrou com um recurso solicitando a anulação dessa partida. Aparentemente, acabou dando em nada. O Remo foi campeão paraense de 1916.

Estatísticas: 9 jogos, 8 vitórias, 1 derrota, 29 gols pró e 3 gols contra.

1917

01/07/1917. 
REMO 3 X 0 UNIÃO SPORTIVA-PA. 
Campeonato Paraense 1917 – Turno. 
Estádio da Firma Ferreira & Comandita/Curuzu. 
Gols: Infante (1T e 1T) e Djalma (2T). 

14/07/1917. 
REMO 3 X 3 PAYSANDU. 
Campeonato Paraense 1917 – Turno. 
Estádio da Firma Ferreira & Comandita/Curuzu. 
Gols: Djalma (1T e 2T); Aurélio (1T), Zito Brígido (1T) e Arthur (2T). 

22/07/1917. 
REMO 14 X 0 FÊNIX-PA. 
Campeonato Paraense 1917 – Turno. 
Estádio da Firma Ferreira & Comandita/Curuzu. 

19/08/1917. 
REMO 5 X 3 BRASIL SPORT-PA. 
Campeonato Paraense 1917 – Turno. 
Estádio da Firma Ferreira & Comandita/Curuzu.  
Gols: Cícero (14’/1T), Djalma (1T, 1T e 2T) e Ludgards (2T); João (1T, 2T e 2T).

02/09/1917. 
REMO 3 X 1 PANTHER-PA. 
Campeonato Paraense 1917 – Turno. 
Estádio do Remo/Baenão. 
Gols: Dudu (1T), Chermont (2T) e Djalma (2T); Rocha (35’/1T).
Obs.: Primeiro jogo do Remo no Baenão.

07/10/1917. 
REMO 6 X 0 UNIÃO SPORTIVA-PA. 
Campeonato Paraense 1917 – Returno.
Estádio do Remo/Baenão. 
Gols: Cícero (2), Dudu, Djalma, Ludgards e Chermont. 

14/10/1917. 
REMO 1 X 1 PAYSANDU. 
Campeonato Paraense 1917 – Returno. 
Estádio do Remo/Baenão. 
Gols: Chermont (15’/1T); Astrogildo (17’/2T).

28/10/1917. 
REMO 9 X 0 FÊNIX SC-PA. 
Campeonato Paraense 1917 – Returno. 
Estádio da Firma Ferreira & Comandita/Curuzu. 

16/11/1917. 
REMO 3 X 1 BRASIL SPORT-PA. 
Campeonato Paraense 1917 – Returno. 
Estádio do Remo/Baenão. 

25/11/1917. 
REMO 6 X 1 NACIONAL-PA. 
Campeonato Paraense 1917 – Returno. 
Estádio do Remo/Baenão. 
Obs.: O Nacional é o antigo Panther, que mudou de nome em 28/10/1917.

Como terminaram o returno em igualdade de pontos (18), Remo e Paysandu fizeram um jogo-desempate para se apurar o campeão paraense de 1917.

16/12/1917. 
REMO 3 X 1 PAYSANDU.
Campeonato Paraense 1917 – Decisão.
Estádio da Firma Ferreira & Comandita/Curuzu. 
Gols: Dudu (20’/1T), ?, ?; Astrogildo (2T).
Obs.: Clube do Remo sagrou-se pentacampeão paraense de futebol.

Estatísticas: 11 jogos, 9 vitórias, 2 empates, 56 gols pró e 11 gols contra.

1918

03/05/1918. 
REMO 10 X 0 LUSO BRASILEIRO-PA. 
Campeonato Paraense 1918 – Turno. 
Estádio do Remo/Baenão. 

09/06/1918. 
REMO 1 X 1 BRASIL SPORT-PA. 
Campeonato Paraense 1918 – Turno. 
Estádio do Remo/Baenão. 

30/06/1918. 
REMO 8 X 0 NACIONAL-PA. 
Campeonato Paraense 1918 – Turno.
Estádio do Remo/Baenão. 

04/08/1918. 
REMO 3 X 1 PAYSANDU. 
Campeonato Paraense 1918 – Turno. 
Estádio do Remo/Baenão. 

25/08/1918. 
REMO 4 X 2 UNIÃO SPORTIVA-PA. 
Campeonato Paraense 1918 – Turno. 
Estádio do Remo/Baenão. 

06/10/1918. 
REMO 8 X 0 LUSO BRASILEIRO-PA. 
Campeonato Paraense 1918 – Returno.
Estádio do Paysandu/Curuzu.

24/11/1918. 
REMO X UNIÃO SPORTIVA-PA. 
Campeonato Paraense 1918 – Returno. 
Estádio do Remo/Baenão. 

08/12/1918. 
REMO 10 X 2 NACIONAL-PA. 
Campeonato Paraense 1918 – Returno. 
Estádio do Remo/Baenão. 

15/12/1918. 
REMO 0 X 0 PAYSANDU.
Campeonato Paraense 1918 – Returno. 
Estádio do Remo/Baenão. 
Obs.: Como tinha um ponto a mais que o rival, bastou o empate para que o Clube do Remo conquistasse o hexacampeonato paraense.

Estatísticas: 9 jogos, 6 vitórias, 2 empates, 1 resultado desconhecido, 44 gols pró e 6 gols contra.

1919

01/06/1919. 
REMO 12 X 1 LUSO BRASILEIRO-PA. 
Campeonato Paraense 1919. 
Estádio do Remo/Baenão.

22/06/1919. 
REMO 5 X 1 NACIONAL-PA. 
Campeonato Paraense 1919. 
Estádio do Paysandu/Curuzu. 
Gols: ?, ? (contra), Bordallo, ?, ? 

06/07/1919. 
REMO 2 X 1 PAYSANDU. 
Campeonato Paraense 1919. 
Estádio do Paysandu/Curuzu. 

03/08/1919. 
REMO 4 X 0 UNIÃO SPORTIVA-PA. 
Campeonato Paraense 1919. 
Estádio do Remo/Baenão.

Obs.: O Futebol 80 cita os jogos Remo x Brasil Sport (16/08/1919), Remo x Luso Brasileiro (09/1919) e Remo x Nacional (21/09/1919), todos com resultados desconhecidos, os quais não foi possível confirmar suas realizações pelo Estado do Pará na Biblioteca Nacional Digital.

05/10/1919. 
REMO WO X PAYSANDU. 
Campeonato Paraense 1919.
Obs.: O Paysandu notificou na véspera do jogo que não comparecia.

16/11/1919. 
REMO 3 X 1 UNIÃO SPORTIVA. 
Campeonato Paraense 1919. 
Estádio do Paysandu/Curuzu. 

30/11/1919.
REMO 2 X 1 BRASIL SPORT-PA.
Campeonato Paraense 1919.
Estádio do Remo/Baenão.
Obs.: Esse jogo pode ser o referente ao dia 16/08/1919. Para fins estatísticos, ele será considerado.

04/01/1920. 
REMO 2 X 1 BRASIL SPORT-PA. 
Campeonato Paraense 1919.
Estádio do Remo/Baenão.
Gols: Ludgards (1T) e ?; Lauro (2T).

Estatísticas: 10 jogos, 8 vitórias (1 WO), 2 resultados desconhecidos, 30 gols pró e 5 gols contra.

domingo, 31 de julho de 2022

O Primeiro Título no Futebol

Em 1913, nas pessoas dos Srs. Galdino Araújo e Adolpho Silva, o Grupo do Remo participou do movimento instaurado pelos clubes e desportistas da época para reorganizar o futebol paraense, que já estava há dois anos sem disputa de campeonato. Desse processo, surgiu a Liga Paraense de Foot-Ball em 25/05/1913, em reunião realizada na Rua da Indústria (atual Rua Gaspar Viana), nº 1. O local era o escritório do inglês T. H. White, que foi eleito presidente da entidade, tendo os Srs. D’Artagnan Cruz e Smith como secretário e tesoureiro, respectivamente. 

A fundação da Liga Paraense de Foot-Ball. Estado do Pará, 27/05/1913

A Liga iniciou os preparativos para a realização dos Campeonatos da Primeira e Segunda Divisões. Entre eles, estava a concessão de uma área de 200 metros de comprimento por 90 metros de largura, na Praça Floriano Peixoto, no Largo de São Braz, atendida pelo Intendente Municipal de Belém, Dr. Dionysio Bentes. O local foi cercado por vigas de acapu e ligadas por um cabo de arame, além da construção um palanque provisório de seis metros de comprimento por três metros de largura para as autoridades e famílias assistirem às partidas.

O campeonato contou com as participações do Grupo do Remo, do Guarany, do Panther Clube, do União Sportiva, do Internacional de Foot-ball Association e do Norte Club. As partidas eram disputadas entre 14h e 18h para aproveitar a luz do sol já que não existia um sistema de iluminação para jogos à noite. 

O sistema de disputa era o mesmo implementado pela Football Association, da Inglaterra: pontos corridos — dois pontos em caso de vitória e um ponto se empate —, sendo campeão o time que somasse mais pontos ao final da competição. O jogo inaugural foi o empate de 2 a 2 entre União Sportiva e Internacional em 29/06, que contou com a presença do Intendente, Dionysio Bentes, e do Governador do Estado, Enéas Martins.

A estreia do Grupo do Remo se deu no dia 14/07/1913, uma segunda-feira. O jogo em questão foi aguardado com muito entusiasmo pela imprensa e pela numerosa torcida que compareceu à cancha, já que seria contra o valoroso União Sportiva, até então, bicampeão estadual. Entretanto, esse cartaz não intimidou os atletas azulinos, já acostumados com os grandes desafios desde as disputas náuticas. Isso refletiu no desempenho dentro de campo. Os remistas fizeram um jogo calmo e preciso, priorizando a aplicação tática entre as suas linhas, suplantando totalmente os unionistas que se limitaram a um jogo individual e descoordenado.

Coube ao capitão Antonico abrir o placar a favor dos azulinos, quase no final do primeiro tempo. O União partiu em busca do empate, mas a defesa remista estava esplêndida, rechaçando qualquer investida. No segundo tempo, mais uma vez Antonico, pela extrema-direita, vaza o gol adversário. Nesse embalo, Nahon marcou mais duas vezes a favor do Grupo do Remo. Quando faltavam apenas dois minutos para o apito final, Oscar diminuiu, mas a goleada já estava decretada: Grupo do Remo 4 x 1 União Sportiva.

Estado do Pará, 16/07/1913

A primeira equipe oficial era composta por: Bernadino; Galdino e Lulu; Carlito, Aimée e Chermont; Rubilar, Antonico, Nahon, Infante e Dudu. O jornal O Estado do Pará, de 16/07/1913, ressaltou os destaques do time azulino: 

Bernardino, como sempre, bom; Galdino e Lúlú, temíveis em suas linhas; Aimée, admirável e terrível naquella posição difícil de ‘center-half', foi um elemento magnífico na defesa ao lado de Carlito e Chemont que também contribuíram com uma bôa parcella de esforços para a formidável victoria do club. Da linha de ‘forwards' todos bons, salientando-se Nahon e Antonico que ‘marcaram’ os 4 ‘goals'".

Tabela do campeonato após a estreia azulina. O Grupo do Remo assumiu a ponta e não largou mais. Estado do Pará, 16/071913

No prosseguimento da competição, o Remo foi limando um a um os seus adversários. Emplacou uma sequência de vitórias, com os 4 a 0 sobre o Guarany, os 3 a 2 sobre o Panther, os 2 a 1 sobre o Internacional... Foi então que os azulinos conheceriam o seu grande adversário: o Norte Club, também chamado de Time Negra devido à cor da sua camisa. 

O embate entre ambos foi marcado para o dia 05/10/1913, um domingo. O jogo era o mais aguardado da temporada, pois envolvia as duas melhores e mais vitoriosas equipes, sendo tratado como o encontro decisivo do campeonato. Até aquele momento, o Remo era o líder com oito pontos — quatro vitórias em quatro jogos — enquanto que o Norte Club possuía seis — três vitórias em três jogos.

Dada a importância da partida, os times se prepararam com antecedência. O Remo era considerado favorito por ter os melhores “elementos” da “velha guarda", com mais experiência nos fundamentos técnicos, especialmente no chute e drible, graças aos treinos de seu rigoroso capitão Antonico, além de um maior cartel de vitórias. Já o novato Norte Club era composto em sua maioria por estudantes, cujo capitão era Hugo Leão, que seria o principal fundador do Paysandu.

Como já era esperado, Remo e Norte travaram um belíssimo embate. Segundo O Estado do Pará, de 07/10/1913, ainda não havia ocorrido um matchtão correctamente jogado, tão enthusiasmado e tão bem desenvolvido”. Diante de numerosa assistência, o confronto foi equilibrado, mas quem saiu na frente foi o Remo, em jogada que se iniciou de uma cobrança de escanteio. O zagueiro “camisa-preta" Moraes tirou de cabeça e, da mesma forma, o azulino Chermont rebateu a bola, que fora defendida por Sylvio, no canto. Com a confusa disputa dentro da área, a bola acabou entrando para o fundo das redes. No segundo tempo, Hugo Leão empatou o jogo em 1 a 1.

Esse seria o único “tropeço” do Remo no campeonato, ainda havendo tempo para vencer o Belém Sport por humilhantes 10 a 0, em 26/10. Assim, foi só aguardar o empate entre Norte Club e Guarany em 1 a 1, em 15/11, para que o Grupo do Remo não tivesse mais chances de ser alcançado e, consequentemente, ser declarado Campeão Paraense Invicto de 1913.

Todavia, o Norte Club ainda recorreu à justiça para tentar anular o seu jogo contra o Guarany. Felizmente, no dia 20/11, a Liga julgou esse recurso improcedente, mantendo o resultado e, por tabela, o primeiro título azulino da história. Mas esse fato geraria consequências no futuro...

Na condição de Campeão Paraense, o Grupo do Remo só seria devidamente premiado no dia 20/02/1914, quando recebeu das mãos do Dr. Gama Malcher, presidente da Liga, uma bela taça importada da Alemanha pela firma Krause, Irmãos e Cia. Medindo 60 centímetros de altura e 700 gramas de peso, a taça descansava sobre um pedestal de cedro que continha uma placa com os dizeres: “Liga Paraense de Foot-Ball – Campeonato de 1913”, repousando num estojo de veludo roxo.

O futebol azulino já nasceu campeão!

Foto reproduzida pela revista Caraboo, ano III, nº 30, de 05/02/1916, cuja legenda diz: “CLUBE DO REMO — Primeiro team de football no início da temporada de 1914”.

quinta-feira, 14 de julho de 2022

Tricampeão Paraense em 1975 (Invicto)

CLUBE DO REMO - TRICAMPEÃO PARAENSE INVICTO EM 1973/74/75

Visando consolidar de vez a sua soberania no estado, o Clube do Remo repatriou o técnico Paulo Amaral, que havia treinado o time no segundo semestre de 1973. O primeiro teste foi a conquista de um torneio internacional, arrematado após vitórias sobre Robin Hood, do Suriname, por 5 a 2, Tuna por 2 a 0 e Paysandu por 1 a 0, gol de Dutra, no dia 2 de março de 1975, no Baenão. 

Duas semanas depois, o Remo estreava no Campeonato Paraense com um passeio sobre o Sporting (7 a 0) e se manteve 100% até o último jogo da primeira fase do primeiro turno - os turnos eram divididos em duas fases -, quando empatou em 1 a 1 no Re-Pa de 27 de abril. Na fase final, vitória sobre Castanhal (4 a 0), empate com a Tuna (1 a 1) e vitória diante do Paysandu (1 a 0), esta em 25 de maio, deram o título ao Leão Azul.

No returno, a tônica foi a mesma. Na primeira fase, quatro vitórias e um empate. Já na fase final, após os 5 a 0 sobre o Castanhal e 1 a 0 sobre a Tuna, bastou um empate sem gols contra o Paysandu no dia 23 de julho, no Baenão, para o Remo sagrar-se campeão do segundo turno.  Logicamente, nessa condição o Leão teria que ser consagrado campeão paraense... Mas não foi o que aconteceu. 

Acontece que devido ao esdrúxulo regulamento, mesmo tendo arrematado os dois turnos, o Remo ainda não havia garantido o título. No máximo, teria a vantagem do empate na grande decisão contra o Paysandu, vice nas duas etapas anteriores. Caso perdesse, uma outra série decisiva seria disputada.

Chega então a memorável data de 3 de agosto de 1975. O Baenão, palco da peleja histórica, estava completamente tomado por exatos 29.940 torcedores, um dos maiores públicos do Evandro Almeida em todos os tempos, que pulsou quando adentraram em campo Dico; Rosemiro, Dutra, Rui e Cuca; Elias e Roberto; Prado, Mesquita, Alcino e Amaral. A Máquina Azul comandada por Paulo Amaral.

Com a bola rolando, o que se viu foi um Remo inicialmente jogando com o regulamento embaixo do braço, enquanto que o Paysandu, apesar de retraído no começo, se aproveitou da apagada atuação de Roberto no meio-campo, sobrecarregando Elias, necessitando que Mesquita viesse ao seu auxílio. Isso diminuiu o poder fogo azulino e facilitou para os bicolores, que perderam oportunidades de sair com a vitória no primeiro tempo.

Na volta do intervalo, os listrados se lançaram ao ataque, mas após a defesa azulina rechaçar, Elias lançou Roberto, que, marcado por Waltinho e Gilberto, e fez um belo corta-luz para Mesquita finalizar no canto e inaugurar o placar aos 45 segundos, quase colocando o Baenão abaixo com a explosão da torcida. Aos oito minutos, após jogada de Prado, Rosemiro lançou para Alcino, que dominou com muita categoria no peito, abriu para Mesquita que fuzilou o arco adversário. Reginaldo rebateu e Alcino aproveitou, marcando o seu 21° gol e se tornando, pela terceira vez consecutiva, o artilheiro do campeonato.

O gol do título

O Paysandu até descontou e chegou ao empate através de Bacuri, mas como ele estava impedido, o árbitro Saul Mendes anulou o gol, mantendo os 2 a 1 que perdurou até o final da partida. A vitória do Remo foi mais que merecida. Naquele dia, o Filho da Glória e do Triunfo chegara ao seu 51° jogo em três anos sem saber o que era uma derrota no Campeonato Paraense. Um feito único no Brasil. Um tricampeonato invicto que seria eternizado com as primeiras estrelas acima do escudo azulino.

A Máquina tricampeã invicta!

sábado, 25 de junho de 2022

Bicampeão Paraense em 1974 (Invicto)

CLUBE DO REMO - BICAMPEÃO PARAENSE INVICTO EM 1974

A edição de 1974 do Campeonato Paraense foi, talvez, a mais disputada de todos os tempos, muito em função do seu excêntrico regulamento, dividido em três turnos. Acontece que o desenrolar dessa fórmula possibilitava uma condição ainda mais única e especial: o Supercampeonato, disputado entre os vencedores de cada turno para, enfim, se definir o campeão paraense. E foi o que aconteceu.

O primeiro turno foi vencido pelo Paysandu, enquanto que o Remo levou o segundo. Já o terceiro teve como ganhadora a Tuna, em uma decisão emocionante contra o Leão, que merece um destaque a mais. Depois de empatarem em 1 a 1 no tempo regulamentar e em 2 a 2 na prorrogação, a Lusa levou o título apenas na segunda série de penalidades, ganhando por 10 a 9 - Marinho foi quem perdeu para o lado azulino -, naquele que, possivelmente, foi o jogo mais longo da história do Parazão.

Mas aqui cabe uma ressalva. Mesmo com esse revés nas penalidades, o Remo não perdeu a invencibilidade na competição. Afinal, a disputa de pênaltis não entra nas estatísticas dos times e jogadores, por ser um procedimento que não faz parte, de fato, da partida, prevalecendo o resultado final (empate). 

Com o Supercampeonato definido, o Trio de Ferro inicia a briga pelo título máximo do futebol paraense. O Remo assistiu de camarote o empate de 0 a 0 entre Paysandu e Tuna no dia 11 de dezembro de 1974, que abriu o Super. Diante desse resultado, uma vitória sobre os bicolores no dia 15, no Baenão, colocaria o Leão em vantagem na disputa.

Naquele Re-Pa acabou prevalecendo a lógica. O Remo venceu por 2 a 0, com gols de Alcino aos 33' do primeiro tempo e Mesquita aos 7' do segundo. A emblemática vitória não apenas sepultou as chances dos bicolores, como também marcou o melancólico fim da "geração do Quarenta" do rival, que se sobressaía desde a segunda metade dos anos 50. O invencível Leão Azul, sob os comandos de Paulinho de Almeida, representava os novos tempos no futebol paraense e partia em busca de mais de mais um título invicto.

Sob às vistas de Rosemiro, Alcino comemora o seu gol, que inaugurou o placar diante dos bicolores, aos 33 minutos do primeiro tempo. Mesquita,  aos 7' do segundo, fechou a contagem ("A Província do Pará", 16 de dezembro de 1974

Em um cenário muito semelhante ao ano anterior, após eliminar o maior rival, o Remo precisava apenas de um empate no dia 18 de dezembro, contra a qualificada Tuna de Miguel Cecim para sagrar-se campeão. Mas, diferentemente, a vitória veio com um gol memorável de Alcino, imortalizado pelas lentes do repórter Braz da Rocha ("A Província do Pará") e relembrado nesse relato emocionante do apaixonado torcedor azulino Rocildo Oliveira:

"35 minutos do segundo tempo, a experiente equipe do professor Paulinho de Almeida arma o contra ataque. A bola chega aos pés do veloz e habilidoso ponteiro-esquerdo Neves que levanta a cabeça e lança o balão de couro para o interior da grande área. Por um segundo o torcedor emudece, com o seu olhar atento segue a trajetória da bola, que muito antes de tocar o chão é alcançada pela testada fulminante, do gigante azulino Alcino. O silêncio sepulcral da lugar a uma explosão de risos e choros. O grito de gol ecoava por toda Belém, por todo Estado do Pará...".

O voo do gigante! Momento exato do gol de Alcino, flagrado pelas lentes de Braz da Rocha. Na imagem ainda é possível observar os tunantes Reginaldo (goleiro), Carvalho (zagueiro), Oliveira Pipoca (lateral-esquerdo), o lateral-direito azulino Rosemiro, além, é claro do inalcançável Alcino

Esse foi o 12° de Alcino, que tornou-se artilheiro da competição e fez explodir o Baenão completamente lotado após a conquista de mais um campeonato. Em outra campanha sensacional, o Clube do Remo venceu 12 jogos e empatou seis, marcando um total de 28 gols e sofrendo apenas cinco. Números espetaculares que consagraram o Filho da Glória e do Triunfo como o superbicampeão paraense de 1974.

O time superbicampeão. Em pé: Rosemiro, Elias, China, Dico, Rui Azevedo e Cuca. Agachados: Caíto, Nena, Alcino, Roberto e Neves