Mesquita (8), autor de um dos gols da histórica goleada azulina – Foto: "A Província do Pará", 8 de setembro de 1976.
No dia 7 de setembro de 1976, o Clube do Remo enfrentou o Paysandu pelo Campeonato Brasileiro. Era o reencontro após todos os acontecimentos ocorridos durante o Campeonato Paraense. O apelo era tanto que estabeleceu um recorde: exatos 33.487 presentes (32.324 pagantes) proporcionaram o maior público da história do estádio Evandro Almeida.
Foi um belíssimo clássico, que começou equilibrado, com chances claras para os dois lados. Entretanto, aos seis minutos ocorreu um lance que mudaria o panorama da partida. Após cobrança de falta de Marinho, o goleiro bicolor Reginaldo segurou a bola, mas a deixou cair nos pés do azulino Zezinho. Quando este ia conferir o gol, Dias salvou, mandando a bola para escanteio, enquanto Reginaldo aplicava um “bofete” em Zezinho, sendo punido com um cartão amarelo.
Aparentemente, essa situação desestabilizou tanto o arqueiro, quanto o time listrado. O escanteio em si não deu em nada. O Paysandu atacou e então o Remo fez o contra-golpe. Foi aí que surgiu o gol azulino. O remista Feitosa lançou Amaral e Zezinho em profundidade. Reginaldo foi à intermediária, tomando a frente da bola e a acompanhando enquanto ela rolava no gramado. Os azulinos não desistiram, roubaram a pelota e Amaral, com muita tranquilidade, a colocou no fundo das redes.
A partir daí, o Leão Azul se tornou dono da partida. Feitosa, depois de duas tentativas cortadas por Dias, recolheu a bola, dominou com o pé direito, ajeitou para o esquerdo e bateu à meia altura, contando com o desvio do defensor Willi para marcar o segundo tento azulino. O Paysandu ainda diminuiu num pênalti arranjado por Bacuri e cobrado por Lula antes de terminar o primeiro tempo.
Na volta do intervalo, o Remo veio ainda mais arrasador, anotando o terceiro gol logo na saída de jogos por intermédio de Amaral, pegando a defesa bicolor desguarnecida. Dez minutos depois, Mesquita, de cabeça, fez 4 a 1. Aos 29 minutos, Zezinho liquidou a fatura. No finalzinho, Dutra recuou mal para Dico; Lula se antecipou, foi agarrado e conseguiu outro pênalti para os bicolores. Ele mesmo bateu, dando números finais à contagem: Remo 5 x 2 Paysandu.
A torcida azulina festejou com muita justiça a vitória. O Remo foi tão arrasador que lembrou os tempos do tri invicto e os dirigentes fizeram questão de deixar um recado, conforme noticiado pela "Província do Pará" no dia seguinte. O presidente Manoel Ribeiro declarou: “esta é a nossa resposta. Acima da goleada sobre o Paysandu, foi uma derrota imposta aos desmandos da Federação”. Já o diretor Ronaldo Passarinho afirmou: “este foi o dia da verdade”.
Essa foi a maior goleada em Re-Pa's válidos por Campeonatos Brasileiros. No jogo seguinte, em 12 de setembro, o Remo venceu o Rio Negro-AM por 2 a 0, novamente no Baenão. Com isso, o Filho da Glória e do Triunfo conquistou seis pontos – vitórias por dois ou mais gols valiam três pontos – e assumiu a liderança isolada do Grupo C do “Copão”, com dez pontos ganhos, três a mais que o vice Fortaleza, que aplicou nova goleada no Paysandu, dessa vez por 5 a 1.
FICHA DO JOGO
07/09/1976.
REMO 5 X 2 PAYSANDU.
Campeonato Brasileiro Série A/Copa Brasil 1976 – 1ª Fase – Grupo C.
Estádio Evandro Almeida/Baenão.
Público: 32.324 (pagantes) / 33.487 (presentes).
Renda: Cr$ 444.061,00.
Árbitro: Dulcídio Wanderley Boschilia (SP).
Assistentes: Edson Chagas (PA) e Raimundo Nonato de Souza (PA).
Remo: Dico; Marinho, Dutra, China e Cuca; Elias e Feitosa; Leônidas (Humberto), Mesquita, Zezinho e Amaral (Nena). Técnico: Joubert Meira.
Paysandu: Reginaldo; Edmir (Darinta), Waltinho, Dias e Joaquim; Willi e Patrulheiro; Tuica, Lula, Bacuri e Nilson (Fefeu). Técnico: Juan Alvarez.
Gols: Amaral (10’/1T e 1’/2T), Feitosa (37’/1T, Mesquita (10’/2T) e Zezinho Capixaba (29’/2T); Lula (41’/1T e 44’/2T).
Cartões Amarelos: Dutra; Reginaldo.
Atletas azulinos agradecendo a torcida que proporcionou o maior público do Baenão – Foto: "A Província do Pará", 8 de setembro de 1976.
A alegria da vitória – Foto: "A Província do Pará", 8 de setembro de 1976.