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segunda-feira, 20 de junho de 2022

Bicampeão do Norte em 1969

CLUBE DO REMO — BICAMPEÃO DO NORTE EM 1969

Ainda com a primeira conquista totalmente viva na memória dos azulinos, o Clube do Remo ingressou no Torneio Norte-Nordeste de 1969 disposto a manter a hegemonia regional, apenas sete meses após obtê-la. Novamente sob a égide da Confederação Brasileira de Desportos — CBD —, a segunda edição do "Nordestão" apresentou algumas mudanças. 

O lado “Norte" foi organizado em dois grupos conforme a proximidade geográfica dos estados participantes e estes, por sua vez, em quatro subgrupos. Os times de cada grupo jogavam entre si e os primeiros colocados formariam um quadrangular que decidiria o campeão do Norte. Portanto, assim se deu a disposição inicial dos disputantes:

Grupo 1:

Subgrupo A (PI): Flamengo, River e Piauí.

Subgrupo B (MA): Ferroviário, Sampaio Corrêa e Maranhão. 

Grupo 2:

Subgrupo A (PA): Remo, Tuna e Paysandu.

Subgrupo B (AM): Nacional, Olímpico e Fast.

A estreia do Clube do Remo ocorreu no dia 24/09/1969, quando perdeu o clássico para a Tuna por 1 a 0. Todavia, essa seria a única derrota azulina na primeira fase. Nos outros jogos, o Leão somou oito vitórias e apenas um empate, classificando-se com sobras no seu subgrupo — 17 pontos contra 12 da Tuna e 11 do lanterna Paysandu —, com direito à vitória de 1 a 0 no Re-Pa que finalizou a sua campanha, no dia 09/11. Os demais classificados foram Nacional, Flamengo-PI e Ferroviário-MA. 

Com o quadrangular decisivo formado, o Leão começou com tudo. Venceu o Flamengo por 1 a 0 e o Ferroviário por 2 a 0, ambos fora de casa. No primeiro jogo em seus domínios, empate sem gols com o Nacional. Na virada do turno, recuperou-se ao vencer o Flamengo por 2 a 0, em casa. Nessas condições, o Remo somava sete pontos, contra cinco dos demais adversários, necessitando de apenas mais um ponto nas partidas remanescentes para confirmar o bi.

A própria imprensa de fora, já dava como certo o título azulino, conforme evidenciado no Jornal do Commercio (AM), do dia 05/12/1969: "Remo precisa de um empate para classificar-se — O Clube do Remo, após a vitória de quarta-feira, diante do Flamengo, do Piauí, garantiu praticamente o título de campeão do Norte, pela segunda vez, a não ser que venha a perder seus próximos compromissos frente ao Ferroviário, domingo, e na vindoura quarta-feira, diante do Nacional".

Entretanto, o improvável aconteceu. Na data de 07/12, uma surpreendente derrota para o Ferrim maranhense por 2 a 1, no Baenão, adiou a festa dos azulinos, que esperavam comemorar em casa o bicampeonato. Com o revés, o time maranhense voltou à briga, deixando tudo para a última rodada.

A Província do Pará, 10/12/1969

Mesmo assim, a vantagem do empate permanecia para o jogo derradeiro, em 10/12/1969. Entretanto, ela praticamente foi por água abaixo quando o Nacional abriu 2 a 0 no placar, se aproveitando da atuação desastrosa do time remista e principalmente do zagueiro Carvalhão,  com sucessivas falhas, tornando a defesa azulina um verdadeiro buraco. Concomitantemente, o Ferroviário-MA vencia o Flamengo-PI no Maranhão pelo mesmo placar, empatando em pontos com o Remo (sete) reduzindo a diferença no saldo de gols para dois.

Diante disso, o campeoníssimo técnico Danilo Alvim resolveu sacudir a equipe no intervalo. Colocou Edilson no lugar de Carvalhão e sacou Íris, que estava totalmente apagado. As medidas surtiram efeito e o Clube do Remo impôs uma extraordinária reação, alcançando o tão almejado empate graças à estrela de Zequinha, que marcou aos 20' e aos 40' do segundo tempo, dando números finais ao jogo. Não havia mais jeito! Nem a consumação da vitória do Ferroviário contra o Flamengo tirava mais o titulo remista. 

No dia seguinte, A Província do Pará decretou: “CLUBE DO REMO — BI-CAMPEÃO DO NORTE! — O Clube do Remo sagrou-se bicampeão do norte, no NN-69, ao reagir e empatar de maneira sensacional com o Nacional, ontem, à noite, em Manaus não dando chance assim que a decisão fôsse pell goal-average, como tudo parecia crêr”. Segundo a publicação, o Clube do Remo jogou com: François; Mesquita, Nagel, Carvalhão (Edilson) e Lúcio; Angelo e Carlito; Birungueta, Íris (Osmar), Zequinha e Neves.

A Província do Pará, 11/12/1969

Já O Liberal expôs: "DEU BI EM MANAUS — (...) Todavia, no segundo tempo, deu-se a reação do Clube do Remo; a equipe 'azulina' entregou-se à luta com brio, com muito ardor, com firmeza, na medida em que o time da casa ia caindo de produção, convencido de que tinha a vitória assegurada. E vieram os dois goals de Zequinha, ambos fruto da insistência dos 'azulinos' em desfazer a desvantagem dos 'nacionalinos'. E foi o empate e com êle o título de bicampeão do Norte, sem a necessidade de recorrer à diferença de goals".

No entanto, a temporada azulina só encerraria de fato no dia 14/12/1969, quando o Leão disputou um Re-Pa festivo, no qual seriam entregues as faixas de bicampeão do Norte ao Clube do Remo e de campeão paraense ao Paysandu, no Baenão. O Filho da Glória e do Triunfo venceu por 2 a 0, gols de Robilotta e Neves, mostrando que "NO CLÁSSICO DAS FAIXAS LEÃO FOI MAIS CAMPEÃO", como evidenciou A Província do Pará, de 16/12/1969.

A Província do Pará, 16/12/1969

* Esse texto foi feito com base nas pesquisas de Adenirson Olivier (Cultura de Remo), Felipy Chaves (Enciclopédia do Leão) e Joaquim Rangel (Azulinos da Cidade).

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